segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Imagem cheia de metáforas


                 19 de outubro, há dez anos nesse mesmo dia, eu caí da moto durante a aula, no dia seguinte descobri que estava grávida da minha grande parceira desta aventura, resultado, nunca mais subi na moto. Hoje, dez anos mais tarde, é ela quem sobe na bicicleta, determinada a aprender a se equilibrar e sair pedalando.

             Uma vez vi um comercial, não me lembro de que, de um pai ensinando o filho andar de bicicleta, ele estava segurando o banco e foi soltando devagar e o menino foi se afastando... Bem, foi exatamente assim. Uma imagem cheia de metáforas, se é que isso é possível, mas não sei definir de outro jeito. Depois de dois meses e dez dias morando em Londres, foram tantas as experiências, de todo tipo, a cultura diferente, a casa, a escola, os amigos, os passeios, toda essa mudança, que é possível vê-la amadurecendo, tão depressa. Alguns amigos me diziam, nossa a Helena é tão madura para a idade dela! Imagino o que diriam se a vissem agora!

               Eu, que sempre tento criá-la para que se torne uma mulher independente, livre, corajosa, às vezes me questiono se estou conseguindo, daí as metáforas em vê-la indo na bicicleta, ganhando sua independência, se afastando...

              Como ensinar a andar de bicicleta? Daí outra metáfora dessa imagem, sempre li que o conhecimento tácito é aquele que a gente tem e não sabe explicar, a gente sabe de algo e pronto, como andar de bicicleta, por exemplo. Tentei mostrar como eu fazia, tentei teorizar como se equilibrar, em vão, impossibilidades... Foi o querer aprender que a fez conseguir, encontrar o seu próprio método. Ela caiu de um lado, de outro, de frente, caiu e foi levantando, até que conseguiu. Pensei que isso já aconteceu em vários momentos de sua vida, muito do que ela aprendeu, aprendeu porque quis, como todo mundo, eu acho, será que temos essa consciência?


         Enfim, estamos aqui, conquistando nossos conhecimentos, realizando nossos desejos, nos divertindo, nos tornando mais livres, hoje ela me disse:



Se com nove anos eu já realizei tantos sonhos, com 25 eu já vou ter realizado todos os meus sonhos e muito mais...

                   
                  

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Percepções sobre ensinar/aprender do ponto de vista do aluno



          Pós dia dos professores comemorado no Brasil é sobre mais uma aspecto da escola da Helena que vou falar agora. Como já disse, ela está no Year 5, existem 3 salas desta mesma série, cada um com seu respectivo professor titular, digamos assim, o professor dela é o Mr. Sagar. Mas, para as aulas de matemática os alunos são reagrupados, ela já passou pelos três professores, inicialmente Mrs. Morato, logo na primeira semana, ela não entendeu exatamente esta divisão, mas seguiu um colega que a estava auxiliando, ela adorou a professora, porque ela não gosta muito do professor dela mesmo, o Mr. Sagar. Porém, depois de algumas semanas de aula e uns testes, Mrs. Morato avisou-a de que seria melhor que ela ficasse na aula de matemática com o Mr. Sagar, pois a sala dele era mais forte e ela estava indo muito bem nas aulas. Bem, ela sofreu, mas enfim, foi. Depois de algumas semanas, novo teste, ela não foi muito bem, daí foi classificada para a sala da Mrs. Dodwell. Eu achei esquisito, pois ela muito boa de matemática, mas a Helena me explicou que no final todos os alunos vão atingir o mesmo nível, isso é indicado na sala, os alunos podem ver em que nível estão.
                Mas é sobre a diferença no modo de ensinar e aprender que quero falar aqui, mesma escola, mesmos objetivos, mesma filosofia, mas professores que fazem a diferença, professores que constroem o conhecimento:

A Mrs. Dodwell senta numa cadeira mais baixa e os alunos que quiserem podem se sentar no chão perto dela, ela atende todos os que tem dificuldade ao mesmo tempo, todo mundo aprende junto.
Mas o Mr. Sagar não faz isso?
Faz, mas é diferente, ela senta perto, mas atende um de cada vez e não parece que ele faz com amor, sei lá, acho que a cara dele. E tem mais, quando ele vai explicar uma coisa nova ele chama um aluno na lousa e vai explicando, a Mrs. Dodwell escreve na lousa e vai perguntando pra sala toda: e agora pessoal, o que vocês acham que eu faço aqui? E agora? Aí, todo mundo vai fazendo junto.

                Bem, eu estou adorando a escola, tem reunião com os pais pra tudo, todos os informes e lembretes vêm por torpedo no celular, além da newsletter de toda sexta feira. Aqui tem, como no Brasil, um preconceito contra a escola pública e amanhã, por exemplo, vai ter o strike day, os professores vão parar por um dia para protestar, mas nem todos, alguns poucos da escola dela trabalharão, já veio o aviso, daí que nestas salas haverá aula, nas outras, a maioria, não.
                Enfim, relatos de pós dia do professor, professores que fazem a diferença, e que as crianças percebem essa diferença.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Ah, o outono...


Sim, o outono... Desde que cheguei aqui em Londres e vi as lindas árvores nos parques, pensei como seriam elas com a chegada do outono. E o outono chegou. Não é um ensaio fotográfico, pois não tenho a habilidade nem o equipamento para isso, mas são as minhas impressões desta estação que muda tudo... muda o ar... muda o vestir... muda o olhar...



Dá pra ver a transformação...


De perto e de longe...




Quem disse que as folhas das árvores são verdes? E que verde e marrom é sempre verde e marrom?






O outono também chegou nas ruas...



 

                ... e nos jardins e quintais...





                Sentada, sozinha, tomando um café na British Library, sentindo falta de alguém para conversar, não me sentindo sozinha, pois adoro meus passeios solitários, introspectivos, mas querendo conversar com alguém.
                Conversas interessantes e, às vezes, aparentemente sem importância ao mesmo tempo, cmo as que eu tenho com a Márcia, a Zizi, a Kakau, o Sidiney... Conversas sobre o que vi hoje, a Tate, Londres, os ingleses, os não ingleses... Falar sobre os livros da biblioteca e também sobre o atendente do café, espanhol, eu acho, lindíssimo!
                Adoro explorar a cidade com a Helena, com a Cris. Mas hoje, pela primeira vez desde que cheguei, senti falta dos amigos que ficaram no Brasil. Deve ser o outono...