sábado, 24 de agosto de 2013

Quinze dias em Londres, alguns pensamentos...



          Quinze dias de viagem. A Helena é realmente uma ótima companheira, claro, uma companheira de nove anos, com as crises da infância, mas excelente, me dando força sempre, ajudando a cuidar do Brandom, pedindo ajuda quando se cansa, me acompanhando em várias aventuras e descobertas. Gostaria de saber mais sobre suas descobertas, mas cada uma de nós tem suas próprias experiências, difícil de expressar.

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               A Helena é sempre uma força, um oásis... E ontem, não foi diferente. Quando ela se referiu ao chão que os reis e rainhas pisaram (no Hampton Court Palace), “beijar” esse chão me causou indignação, como minha filha pode falar isso? Ser tão submissa? Bem, a emoção leva a isso, e ela tem esse ar dramático, emoções sempre intensas, lua em peixes, latinidade... Ela é assim, como a atriz principal de uma novela mexicana. Daí, relevei seu comentário. Mas não conversei sobre isso ainda, um dia o farei, deixei que sentisse e expressasse suas emoções da forma que quisesse, o que é difícil.
                Por outro lado, voltei ao prumo, aos meus pensamentos sobre minha pesquisa. Eu também estava deslumbrada dentro daquele castelo! Uma construção antiga, mobiliário antigo, castelos como os que vemos em filmes e em ilustrações das histórias de reis e rainhas... Nunca tinha entrado em um. O maravilhamento é inevitável. Mas não, eu não beijaria aquele chão, mas estava hipnotizada por cada parede, teto e tapeçaria. Então, parei para pensar naquele espaço como uma casa museu, uma exposição tradicional, objetos históricos e não problemas históricos, como passar do maravilhamento à reflexão? Questão que sempre coloquei a minha equipe de educadores das casas históricas do Museu da Cidade de São Paulo. Enfim, essa discussão vai estar na minha tese, aqui não é exatamente o lugar para isso.

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               E, falando em deslumbramento, ontem nos jardins do palácio, novamente me deparei com as árvores que têm me chamado a atenção desde o primeiro dia, nos parques, praças, quintais... Ontem, num espaço de tempo sozinha, com meus pensamentos, enquanto as crianças brincavam, vi as árvores que sempre povoaram meu imaginário, são elas que estão nas ilustrações dos livros de contos infantis, ou nos filmes sobre esses mesmos contos, árvores frondosas, grossos troncos, parecem formar rostos e braços, como os Ents que Tolkien narrou em seus livros.
                O cenário de floresta, ainda que eu não tenha isso a nenhuma até o momento, está aqui. Realmente, a nossa imaginação, o nosso imaginário, não é livre, é formado por imagens que sempre vimos e vemos em algum lugar. Todas essas árvores, diferentes das que vejo no Brasil, são tão familiares, como se eu já as tivesse visto a vida inteira. Da mesma forma, as chaminés...



 

domingo, 11 de agosto de 2013

Um pedaço da Índia em Londres...



                Um pedaço da Índia em Londres foi a minha experiência de hoje. A Helena não curtiu, muita gente... Eu deixei ela em casa e voltei para a cerimônia, parada, desfile... nem sei ao certo.
                Pensei que eu devesse saber melhor para poder falar sobre isso aqui, mas não, aqui são minhas impressões, não conheço as religiões da Índia, enfim, pesquisei rapidamente e descobri que é festival Aadi, em homenagem a Durga, aquele ritual em que os homens se penduram em ganchos ou perfuram partes do corpo, chibatas etc... Tudo muito sensacionalista na TV ou internet. Sim, é impressionante, mas ver, ao vivo, me fez pensar em devoção. Isso não é diferente dos católicos pagando promessa de joelhos até sangrar, isso é devoção, fé, muitas semelhanças entre a nossa cultura popular. Sim, vou trazer minhas impressões associando o que vi ao que conheço, já que o oriente está longe das minhas experiências.
                Como essa procissão de mulheres:



                Elas caminham uma boa distância, não sei, talvez uns 700 metros, carregando oferendas (eu acho), descalças e de costas. Bem não sei o que isso quer dizer, mas em terreiros de umbanda que fui no Brasil, quando a gira é de Exu, que assiste fica de costa para o terreiro, bem foi a associação que fiz na hora.




                
           Uma espécie de penitentes, carregando esse fardo pesado na cabeça, descalços, flagelos, não, não é impressionante como eu tinha visto na TV. Tem uma música que me lembrava um maracatu. Eles giravam, entrando numa espécie de transe, acho que não sentem a dor. Ai a música, era ótima! Tinha até uma alegoria muito familiar aos brasileiros, percebam:



                Ao final da “procissão”, isso sim mexeu comigo muito mais do que corpos espetados e açoitados, era essa fileira de homens que rolavam ao final de tudo, no asfalto quente, mulheres em volta, cantando, familiares, talvez, não sei, mas foi aos meus olhos o maior dos flagelos, sim, isso é devoção.




quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Prólogo da viagem



Doze anos atrás...

Diferente esse teste psicotécnico.
Por que?
Ah, já fiz outros, tinha que desenhar, ou outros exercícios, assim, como foi esse, fica parecendo uma entrevista, achei legal.
É que assim, como você fala e o que você fala, eu consigo avaliar alguns aspectos da sua personalidade, eu não posso te dar o resultado do teste agora, mas posso te falar uma coisa, por exemplo, você é um espírito livre.
Eu?
Sim, quando te perguntei como você se vê daqui cinco anos, você disse sobre trabalhar num museu universitário, continuar estudando, ter um filho, viajar, mas não falou nada sobre casa e marido...

E lembrando disso... retomo as postagens no meu blog para contar um pouco dessa que, por enquanto, é a maior aventura de nossas vidas... Nossas, minha e da Helena.