domingo, 23 de novembro de 2014

Campos Gerais

O que eu aprendi?
Poxa, que ano intenso...
Estou eu no XXIV Confaeb em Ponta Grossa, mais uma mesa redonda, e a professora Rejane Coutinho apresenta os outros professores como em qualquer outra mesa de qualquer outro congresso que eu já tenha ido mas, tem uma algo a mais, depois de um breve currículo ela diz o que aprendeu com cada um deles. Ah, eu achei isso tão bonito.
Parei pra pensar no que aprendi ao longo desse pouco mais de um ano tão intenso na minha vida, morar fora do país, conhecer tantas coisas, ver minha filha amadurecendo, decisões que tenho tomado... A vida acadêmica pode ser bonita e generosa quando a gente consegue relacioná-la a outras esferas da vida pessoal.
Eis que a professora Rita Bredariolli inicia sua fala. Ela vai ler, eu pensei, geralmente não gosto, confesso, mas foi tão diferente, ela trouxe uma história da Arte/educação (bem, a mesa era sobre isso, História, meu lado historiadora sempre fica feliz) e tão inteligível, racional e poética, tudo junto ao mesmo tempo agora!
Dá-lhe intensidade, eita ano!
Até que, em sua fala, coube uma homenagem ao professor Nicolau Sevcenko, falecido em 2014, quando eu ainda estava morando em Londres.
Nossa, eu já até tinha me esquecido de sua morte, mas nunca me esquecerei dele é certo, pois a minha relação com as pessoas marcam muito mais a minha vida do que a desrelação (pensando no Manoel de Barros, falecido há alguns dias).
Assim, que hoje, pela primeira vez na minha vida eu me emocionei numa fala/palestra/conferência/mesa-redonda.
Não que eu nunca tivesse sido arrebatada pela emoção em outros momentos da vida acadêmica, poxa, fui aluna do Nicolau, isso já poderia bastar, mas a professora Rita me fez chorar.
A homenagem ao professor Nicolau, terminada com um texto de outra aluna dele, Juliana (que me esqueci o sobrenome), Nicolau Sevcenko e a bolinha de sabão, texto super compartilhado no facebook quando ele morreu, me fez chorar, de novo.
Mas por que essa emoção toda? O que eu aprendi com isso?
Essa é uma pergunta recorrente, especialmente quando choro...
De modo que, nesse ano intenso, parei e entendi mais detalhes da minha função no mundo (venho pensando muito nisso nesse ano), o transe da sala de aula, essa admiração que as aulas de Nicolau me causara, outros professores, pessoas iluminadas que tomei de exemplo para minha vida. Revi e pensei que a grande maioria de exemplos de vida para mim foram professores (isso diz muito).
Com Nicolau aprendi, entre outras coisas, a transitar pelos mundos da história, da arte, imagem, escrita, tudo no plural.
Me entendi historiadora e educadora.
O que aprendi e o que venho aprendendo com tudo isso, com essa intensidade e solidão desta etapa de minha vida de doutoranda, é relacionar tudo e todos ao meu processo no mundo. Penso que palavras como auto-conhecimento, generosidade e maturidade cabem aqui.
Obrigada professores e amigos queridos... Muitas bolinhas de sabão para vocês.