O que eu aprendi?
Poxa, que ano intenso...
Estou eu no XXIV Confaeb em Ponta Grossa, mais uma mesa redonda, e a professora Rejane Coutinho apresenta os outros professores como em qualquer outra mesa de qualquer outro congresso que eu já tenha ido mas, tem uma algo a mais, depois de um breve currículo ela diz o que aprendeu com cada um deles. Ah, eu achei isso tão bonito.
Parei pra pensar no que aprendi ao longo desse pouco mais de um ano tão intenso na minha vida, morar fora do país, conhecer tantas coisas, ver minha filha amadurecendo, decisões que tenho tomado... A vida acadêmica pode ser bonita e generosa quando a gente consegue relacioná-la a outras esferas da vida pessoal.
Eis que a professora Rita Bredariolli inicia sua fala. Ela vai ler, eu pensei, geralmente não gosto, confesso, mas foi tão diferente, ela trouxe uma história da Arte/educação (bem, a mesa era sobre isso, História, meu lado historiadora sempre fica feliz) e tão inteligível, racional e poética, tudo junto ao mesmo tempo agora!
Dá-lhe intensidade, eita ano!
Até que, em sua fala, coube uma homenagem ao professor Nicolau Sevcenko, falecido em 2014, quando eu ainda estava morando em Londres.
Nossa, eu já até tinha me esquecido de sua morte, mas nunca me esquecerei dele é certo, pois a minha relação com as pessoas marcam muito mais a minha vida do que a desrelação (pensando no Manoel de Barros, falecido há alguns dias).
Assim, que hoje, pela primeira vez na minha vida eu me emocionei numa fala/palestra/conferência/mesa-redonda.
Não que eu nunca tivesse sido arrebatada pela emoção em outros momentos da vida acadêmica, poxa, fui aluna do Nicolau, isso já poderia bastar, mas a professora Rita me fez chorar.
A homenagem ao professor Nicolau, terminada com um texto de outra aluna dele, Juliana (que me esqueci o sobrenome), Nicolau Sevcenko e a bolinha de sabão, texto super compartilhado no facebook quando ele morreu, me fez chorar, de novo.
Mas por que essa emoção toda? O que eu aprendi com isso?
Essa é uma pergunta recorrente, especialmente quando choro...
De modo que, nesse ano intenso, parei e entendi mais detalhes da minha função no mundo (venho pensando muito nisso nesse ano), o transe da sala de aula, essa admiração que as aulas de Nicolau me causara, outros professores, pessoas iluminadas que tomei de exemplo para minha vida. Revi e pensei que a grande maioria de exemplos de vida para mim foram professores (isso diz muito).
Com Nicolau aprendi, entre outras coisas, a transitar pelos mundos da história, da arte, imagem, escrita, tudo no plural.
Me entendi historiadora e educadora.
O que aprendi e o que venho aprendendo com tudo isso, com essa intensidade e solidão desta etapa de minha vida de doutoranda, é relacionar tudo e todos ao meu processo no mundo. Penso que palavras como auto-conhecimento, generosidade e maturidade cabem aqui.
Obrigada professores e amigos queridos... Muitas bolinhas de sabão para vocês.
"É estranho, mas as coisas boas e os dias agradáveis são narrados depressa, e não há muito o que ouvir sobre eles, enquanto as coisas desconfortáveis, palpitantes e até mesmo horríveis podem dar uma boa história e levar um bom tempo para contar" (J. R. R. Tolkien)
domingo, 23 de novembro de 2014
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
Memórias saborosas
Depois de uma pausa para readaptação na volta ao
Brasil, vamos às memórias que o paladar traz.
Ontem, almoçando com amigas comecei a contar que
quando cheguei ao Brasil logo comi pão francês e pão de queijo, que eu estava
com saudade, e que naquele almoço num restaurante por quilo eu estava me
lembrando de muitos sabores que eu não comia há um ano. Então, me inspirei para
recordar sabores desse ano tão diferente.
Comi tajine no Marrocos, enguias em Pamplona (o
Erick fez pra mim), carne de canguru na Austrália (com a Suzanne) e de carneiro.
O carneiro da Oceania é mais gostoso, pelo menos eu achei.
Me lembro do sabor do english breakfast, um café da
manhã com cara de almoço, comida pra operário que vai ficar o dia todo na fábrica,
e tem feijão pra comer com pão, mas é bom, eu gostei. Também me lembro do sabor
do fish and chips, a comida inglesa favorita da Helena.
Ai, a pizza na Itália!!! É ótima, mente quem fala
que não. Aliás, tudo na Itália é bom.
Cervejas diferentes, o conceito de cerveja gelaaada
não chegou à Ilha Britânica, mas não senti falta, pois as cervejas são ótimas,
claras, escuras, mais ou menos encorpadas, fiquei surpresa que uma pint tem uns
600 ml.
Queijos mil, me lembro do sabor do queijo brie,
emental e chedar, sabores que só tem por lá, consigo me lembrar de cada vez que
fui ao mercado e via os pedaços de queijo sendo vendidos por menos de duas
libras, e que aprendi a comer queijo com uva com a Carla, vou sentir
saudades...
Uma imagem saborosa? Fish and chips na Tate Modern,
restaurante chique, como a Helena diz, aquele do tipo que a gente coloca o
guardanapo no colo. Ah, a água de torneira... de Londres, com muito cálcio...
Tasty memories
After a break in readjustment
back to Brazil, let me talk about
the tasty memories.
Yesterday, I was
having lunch with friends then I started telling that when
I arrived in Brazil I ate French bread (it’s a common bread which we use to buy at bakeries,
day by day, it isn’t Fench) and cheese bread (it’s a Brazilian
immaterial heritage), which I missed, and that lunch in a
restaurant per pound I was remembering the many
flavors that I had not eaten
last year. Then, they inspired me
to remember that different flavors that year.
I ate tajine in Morocco, eels
in Pamplona (Erick
did), kangaroo meat in Australia (with Suzanne)
and lamb. The lamb meat from Oceania tastes better, at
least I think.
I remember the taste of English breakfast, a breakfast tastes like
a Brazilian lunch, food for workers that will stay all
day at the factory, and I have
to eat beans with
bread, but it's good, I liked it. I also remember the taste of fish and chips, Helena’s favorite English
meal.
Oh my god, the pizza in Italy!!! It's
great, who says
he does not is lying. In fact, everything in Italy is good.
Different beers, the concept of cold beer not reached the
British Isles, but I do not missed, because the
beers are great, light, dark,
more or less viscous, I was
surprised that a pint is about 600 ml.
Thousand cheeses, I remember the
taste of brie, cheddar and Emmenthal cheese
flavors that only have there, I can remember every time I went to the market and saw the pieces of
cheese being sold for less
than two pounds, and I learned to eat cheese with grape with Carla, I'll
miss...
A tasty image? Fish and chips
at the Tate Modern, chic restaurant, as Helen says,
that the kind you put your napkin on your
lap. Ah, tap water ... London, with
lots of calcium...
domingo, 3 de agosto de 2014
Memórias olfativas / Olfactory memories
Thomas Mann no livro A montanha mágica fala algo
sobre a impossibilidade de nossos sentidos apreenderem o tempo. Você pode até
ver que o tempo passou, mas não vê o tempo em si. O que dizer dos outros
sentidos? Não é possível tocar, ouvir ou degustar o tempo. Agora, sentir o seu
aroma então, para mim é difícil até de imaginar. O olfato é realmente meu
sentido mais deficiente.
Mas, como aqui estou falando de memórias e sentidos,
vou tentar o meu melhor.
Posso lembrar bem de cheiros e comidas, adoro comer
afinal. Me lembro do cheiro do fish and chips, prato inglês favorito da Helena,
do cottage pie, do que queijo brie. Senti o aroma de vinhos nos restaurantes
italianos e das cervejas nos pubs.
Cheiro do McDonalds é igual em todo lugar do mundo.
Livros novos e livros velhos, sim, eu cheiro
livros.
Ah, o cheiro das especiarias quando o tajine foi
servido no Marrocos, e sim, o cheiro do dromedário que me levou ao Sahara.
Cheiro de mar, cheiro de mato.
Mas, o aroma que não consigo esquecer são as
flores, rosas especialmente, nas ruas na primavera e no verão, aroma surpreendente
e inesquecível, tanto que ficam aqui na memória, não tenho nenhuma imagem que
possa sintetizar tal aroma...
Translate:
Thomas Mann
in The Magic Mountain says something about the impossibility of our senses apprehend
the time. You can even see that time has passed, but you didn’t see time itself.
What about the other senses? You cannot touch, hear or taste the time. Now, feel
your smell, then, for me it is difficult even to imagine. Smell is, really, my poor
sense.
But, here I am talking about memories and senses, I will try my best.
I can remember smells and foods very well, I love to eat anyway. I remember the smell of fish and chips, Helena’s favorite english meal, of cottage pie, brie cheese. I felt the aroma of wines in Italian restaurants and beers in the pubs.
Smell of McDonalds is the same everywhere in the world.
New books and old books, yes, I smell books.
Ah, the smell of spices when the tajine was served in Morocco, and yes, the smell of the dromedary which led me to the Sahara.
Smell of the sea, the smell of grass.
But the smell I cannot forget are the flowers, especially roses, in the streets in the spring and summer, surprising and unforgettable aroma, it stay here in memory, I don’t have image that can synthesize such perfum...
But, here I am talking about memories and senses, I will try my best.
I can remember smells and foods very well, I love to eat anyway. I remember the smell of fish and chips, Helena’s favorite english meal, of cottage pie, brie cheese. I felt the aroma of wines in Italian restaurants and beers in the pubs.
Smell of McDonalds is the same everywhere in the world.
New books and old books, yes, I smell books.
Ah, the smell of spices when the tajine was served in Morocco, and yes, the smell of the dromedary which led me to the Sahara.
Smell of the sea, the smell of grass.
But the smell I cannot forget are the flowers, especially roses, in the streets in the spring and summer, surprising and unforgettable aroma, it stay here in memory, I don’t have image that can synthesize such perfum...
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